Natura + Sustentabilidade 4.0: quando excelência encontra evolução
- Magda Helena Maya
- 1 de set.
- 4 min de leitura

No Brasil, quando falamos em Sustentabilidade e precisamos citar um exemplo de empresa sustentável, certamente a Natura estará entre as primeiras referências, e essa constatação ficou ainda mais evidente em visita recente à unidade de Cajamar (SP), onde conheci não apenas o modelo de negócio, mas também as instalações dos laboratórios de Inovação e Pesquisa Avançada.
Como autora da proposta da Sustentabilidade 4.0 e de seus múltiplos métodos, identifiquei muitas semelhanças na abordagem da Natura tais como: o uso da Biomimética em pesquisas; a inovação baseada na natureza; além desses princípios aparecem não somente nos produtos, mas também no próprio modelo de gestão.
Durante a apresentação da Gerente de Sustentabilidade, ao conhecer o diagrama do modelo de atuação, imediatamente tracei um paralelo com a Sustentabilidade 4.0 aplicada à gestão corporativa, assim como percebi como seria possível tornar o que já é excelente em algo ainda mais inovador.

O modelo da Natura funciona como uma arquitetura estratégica que integra três eixos principais:
1. Estratégia e Inteligência
É a base analítica que orienta o posicionamento da empresa. Aqui, a Natura capta tendências socioambientais globais, regulações e movimentos de mercado, transformando riscos em inteligência de negócio e garantindo alinhamento com práticas de gestão, inovação sustentável e ESG.
2. Negócios e Geografias
Trata da materialidade territorial e setorial, assegurando que a sustentabilidade se materialize nas operações, ou seja, a Natura conecta impacto positivo às oportunidades de negócio e geografias específicas, como a Amazônia, mercados emergentes e cadeias produtivas locais. É essa camada que garante que o discurso se converta em prática.
3. Especialistas
No centro do modelo estão os temas prioritários e sensíveis, nos quais a Natura mobiliza especialistas: Direitos Humanos, Amazônia & Biodiversidade e Carbono & Circularidade. Essas frentes são áreas críticas para garantir coerência, inovação e liderança setorial, reforçando o papel da empresa em influenciar agendas globais.
Na base do diagrama está o conceito de Sustainable Leads, que sintetiza a proposta, ou seja, são lideranças sustentáveis que a Natura busca formar dentro e fora da organização, uma vez que funcionam como vetores de transformação, influenciando não apenas os negócios internos, mas também fornecedores, comunidades, clientes e a sociedade como um todo. Em outras palavras: uma BASE SUSTENTÁVEL.
Esse modelo transforma a sustentabilidade em centro estratégico do negócio, uma vez que em sua essência, o Sustainable Leads é um sistema de governança que articula inteligência estratégica, atuação local e liderança técnica em temas críticos, com o objetivo de gerar inovação, impacto positivo e vantagem competitiva - pilares fundamentais da sustentabilidade.
Ou seja, a Natura enxerga a sustentabilidade não como “um departamento”, mas como um modelo integrado de decisão e liderança que transforma inteligência socioambiental em estratégia de negócio, apoiada por especialistas e presença ativa nos territórios.
E é nesse ponto — a sustentabilidade como modelo integrado de decisão — que o modelo da Natura e a Sustentabilidade 4.0 convergem em plena harmonia, possibilitando transformar a excelência já implementada em algo ainda mais poderoso.
Pontos de convergência:
Assim como na Sustentabilidade 4.0, a Natura coloca a sustentabilidade no coração da estratégia, e não como apêndice.
A ênfase em especialistas temáticos conecta-se diretamente a alguns dos 30 Princípios da Vida que orientam a gestão da sustentabilidade nas empresas, como especialização geográfica e componentes modulares.
O foco em biolideranças sustentáveis dialoga com a formação de estrategistas e biolideranças da Beeosfera University, uma vez que tais lideranças precisam ser capazes de influenciar ecossistemas.
Onde a Sustentabilidade 4.0 avança além do modelo da Natura:
Inteligência Ancestral (IA): enquanto o Sustainable Leads ancora-se na inteligência socioambiental, a Sustentabilidade 4.0 amplia para a inteligência ancestral da própria natureza como mentora estratégica.
Biomimética como eixo central: a Natura já aplica a lógica dos organismos vivos na inovação de produtos, mas pode avançar ao incorporá-la em processos internos e de governança.
10Rs da Sustentabilidade 4.0: oferecem uma visão sistêmica e uma narrativa evolutiva e pedagógica, incorporando a noção de conhecimento vivo, o que o Sustainable Leads não explicita. Isso pode limitar sua adaptabilidade a uma realidade dinâmica.
Ecossistema multipolar: enquanto a Natura estrutura sua atuação em eixos, a Sustentabilidade 4.0 atua como um ecossistema vivo e dinâmico, integrando Educação, PD&I e Soluções, o que gera maior fluidez, adaptabilidade e resiliência.
Finalizando esta análise, afirmo sem sombra de dúvidas que o modelo Sustainable Leads da Natura é de fato muito robusto e explica por que a empresa é reconhecida como referência global em sustentabilidade.
É justamente por isso que a Sustentabilidade 4.0 se encaixa de forma harmônica, oferecendo oportunidade de evolução ainda maior ao trazer a natureza como mentora, a partir de seus princípios, de sua inteligência ancestral e de uma lógica ecossistêmica evolutiva e regenerativa.
Se gostou deste artigo, deixe um comentário para que eu traga a análise de outras grandes corporações.
E para conhecer mais sobre a Sustentabilidade 4.0 e os serviços da Beeosfera University, acesse: www.beeosfera.com.br
Dra. Magda Maya
Geocientista da Sustentabilidade 4.0
Founder Beeosfera University
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