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ODS 1 — Erradicar a Pobreza Requer Inovação Sistêmica



Essa série foi inspirada a partir de uma pesquisa que eu estava realizando sobre o quanto temos evoluído (ou não), no sentido de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS.


Cheguei à infeliz constatação de que apesar dos esforços empresariais e governamentais, estamos muito aquém do que precisaríamos para evoluirmos enquanto sociedade e até mesmo enquanto espécie.


Dito isso, fica meu convite para que você leia e comenta cada um dos  18 artigos que publicarei em sequência nos próximos dias, onde trarei informações oficiais, seguidas de uma proposta de evolução a partir da abordagem da Sustentabilidade 4.0. Comecemos então, falando sobre o ODS 1.


Não se pode contestar o fato de ser a pobreza um dos sintomas mais evidentes da falência do nosso modelo de desenvolvimento, mesmo quando dito “sustentável”.


O ODS 1 propõe a erradicação de todas as formas de pobreza até 2030, mas para isso não basta ampliar programas sociais ou gerar empregos — é preciso questionar os próprios fundamentos do sistema que produz e mantém a pobreza.


Segundo o IBGE, o Brasil conseguiu retirar mais de 8,7 milhões de pessoas da linha da pobreza entre 2022 e 2023. Ainda assim, 27,4% da população permanece em situação de vulnerabilidade, e 4,4% vivem em extrema pobreza.


Apesar dos avanços, seguimos tratando os efeitos, e não as causas estruturais do problema, e é aqui onde entra a Sustentabilidade 4.0: uma abordagem baseada na inteligência da natureza, que nos convida a evoluir o pensamento antes de propor soluções.


Vejamos então: em ecossistemas maduros não há desperdício, acumulação ou exclusão, sendo portanto, a abundância um princípio operacional que garante um equilíbrio, baseado em diversidade, compartilhamento e cooperação.


A pobreza humana, nesse sentido, reflete não apenas a imaturidade de um sistema baseado em escassez como também a ruptura com os ciclos naturais de regeneração — do solo, das relações e das oportunidades, escancarado a exploração do ser humano e a expropriação das oportunidades ao mesmo tempo em que exige produtividade constante para manter o acúmulo para poucos.


Se eu encerrasse esse artigo aqui, já teríamos uma boa noção de que a erradicação da pobreza requer uma mudança estrutural que extrapola (e muito) a seara governamental, uma vez que os governos parecem somente enxergar a óptica da escassez de recursos, quando da verdade, trata-se de uma escassez de possibilidades, oportunidades e até de educação.


Na natureza, cada criatura cumpre um papel ecológico único e este papel está diretamente associado às suas habilidades naturais, enquanto a espécie humana, rejeita, abomina e tolhe as manifestações naturais desde a infância, sob o argumento de que as pessoas precisam “ter quando crescer” (é ter mesmo, não é ser).


O próprio modelo de “educação bancária” onde se “deposita conhecimento” nas pessoas no lugar de estimular o pensamento crítico, revela que fomos educados e estamos educando as novas gerações para “serem alguém na vida” dentro de moldes e padrões de consumo completamente insustentáveis do ponto de vista natural e existencial, tendo como resultado, uma pobreza que se revela na escassez de recursos, mas que se forma e desenvolve muito antes na incompatibilidade entre que somos e o que podemos fazer para nos autossustentar.


Como alternativa a esse modelo educacional, a educação biocêntrica, por exemplo, propõe reconhecer os talentos e vocações naturais de cada pessoa como ponto de partida para seu desenvolvimento — e não como exceções adaptáveis ao mercado.


Já do ponto de vista econômico, a busca deveria ser por uma economia regenerativa, que gere riqueza local com base na cooperação, na multifuncionalidade dos territórios e na reconexão com a terra, ou ainda por uma economia donut que vai além e propõe que repensemos inclusive a métrica PIB como referencial de desenvolvimento.


A agricultura regenerativa, também seria uma excelente exemplo de tecnologia social para combater a pobreza alimentar ao mesmo tempo em que restauraria o solo, protegendo os recursos hídricos e fortalecendo comunidades, uma vez que aplica princípios como o design eficiente, os ciclos fechados e a adaptação local — exatamente como funciona na natureza.


Outro ponto crucial é reconhecer que a inovação necessária para erradicar a pobreza não será apenas tecnológica, mas sim epistemológica. Precisamos trocar a lógica do mérito individual pela inteligência coletiva, substituir o crescimento linear pela suficiência equilibrada, além de redefinir o sucesso como capacidade de gerar bem-estar integrado, e não apenas lucro.


A natureza tem sobrevivido e prosperado por 3,8 bilhões de anos porque opera com inteligência descentralizada, eficiência de recursos e resiliência a partir da diversidade, portanto, se quisermos construir uma sociedade onde a pobreza não seja mais tolerada, precisamos aplicar esses mesmos princípios em nossas estruturas sociais e econômicas.


A Sustentabilidade 4.0 propõe essa transição de forma prática e estratégica, integrando ciência, inovação biomimética, justiça social e educação transformadora para criar sistemas que funcionem como a vida — e não à revelia dela.


Erradicar a pobreza exige mais do que boas intenções. Exige redesenhar os fundamentos da escassez que naturalizamos, e isso começa por uma pergunta fundamental: E se a natureza fosse nossa mentora, e não apenas um recurso?



 
 
 

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